VIVIAN
Eram
11h45min da manhã, de uma sexta-feira, a aula já havia terminado, mas eu
deveria cumprir horários, foi o que o coordenador do curso disse.
-Professora
Vivian seja pontual com seus horários, isso é o primeiro passo para uma boa
carreira dentro deste departamento.
Eu Estava
totalmente entediada, os alunos não ajudavam em nada, estavam falando entre si
de se encontrarem mais tarde para beber e comemorar o fim das provas e eu lá
lutando contra os ponteiros. Só queria saber de sair daquela instituição
maldita, depois de olhar pela milésima vez no relógio do celular, recebo uma
mensagem.
‘’Oi amiga. Meu primo
que chegou hoje do exterior quer conhecer a noite da capital, vamos com a
gente? Mas dessa vez é para se divertir viu, nada de caçar!’’
Era
tudo o que eu precisava para terminar esse dia, quando me dei por percebido
todos os alunos já tinham saído da sala, restou apenas um no fundo da sala
guardando seu material. Um rapaz introspectivo que não sabia se defender das
chacotas dos outros colegas, porém tinha muito talento.
-Ei
Vitor, vamos embora. Exclamei para ele.
Ele
olhou para mim assustado, pegou suas coisas e saiu correndo, não disse uma
palavra.
-Esse
garoto um dia vai matar todos nós. Disse para mim mesma.
Horas
depois já estávamos dentro da boate, eu com aquele meu vestido curtíssimo, não
era para caçar, mas sim para deixar esses homens de boca aberta, com medo de
mim, com medo da minha presença. Essa reação não aconteceu com o primo da
Cláudia, ele me olhava escancaradamente, parecia fazer sexo com os olhos,
tirando um raio-x de cada parte do meu corpo. Eu percebia aquilo tudo e não me
importava, pois estava gostando.
-Então
você é a Vivian? Perguntou ao pé do meu ouvido, ao mesmo tempo dando uma
mordidinha, me arrepiei completamente.
Já
estávamos bebendo, um copo aqui, outro lá, as luzes da boate apagavam e
acendiam freneticamente, ele colocando bala na minha boca. Nós dois dançando
sem temer ninguém, aquele suor gostoso escorria do nosso corpo.
-Vamos
sair daqui, você pode me comer todinha. Disse a ele, apertando seu pau.
Pegamos
um táxi rumo ao meu apartamento, já dentro do táxi ele começou a falar
sacanagens, estávamos bêbados, fora de si, estava chupando-o no banco de trás.
O taxista não parava de olhar.
-Vou
cobrar extra se sujarem meu banco. Retrucou o português
Já
na frente do prédio, não tinha equilíbrio de sair de dentro táxi, ao colocar os
pés para fora, meu salto quebrou, cai no colo dele, rapidamente me pegou e
fomos para o apartamento. Era selvagem, era proibido, era ilegal, aquele sexo
fora dos padrões.
Ele
me jogou na cama, sem medir a força rasgou minhas roupas, sem dó, sem medir o
limite da consciência rasgou minhas roupas íntimas com suas próprias mãos.
-Vem
aqui, disse no pé do seu ouvido.
Aquele som
agudo matinal do relógio entrou em meus ouvidos e despertou meus neurônios para
mais um dia naquela pífia rotina, juntamente com aquele gosto amargo de álcool
na boca. Rolo durante alguns minutos na cama, pensando já no momento de voltar
para casa. Vou meio cambaleando até o banheiro, o jornal de ontem está em
minhas mãos. Lendo aquilo que já foi notícia de primeira página. Cheiro de
merda, misturada com a realidade podre dessa minha cidade (minha vida).
Ao me olhar
no espelho tentava me lembrar da noite passada, abri a torneira da pia e
comecei a beber água dali mesmo, mas nada vinha à mente, apenas aquela dor de
cabeça infernal, meu rosto estava todo borrado de maquiagem, nem me lembrei de
como cheguei a casa, muito menos de lavar o rosto antes de dormir. A água do
chuveiro escorrendo pelo ralo, levando embora as sujeiras do meu corpo, a minha
vergonha e minha dignidade. Enrolo-me na toalha e ainda me sinto na lama.
-Vou deixar
o dinheiro em cima da mesa, foi muito gostoso gata, vou te procurar mais tarde.
Disse uma voz masculina, acompanhado com a batida da porta.
- Ai droga,
ontem não era o dia. Pensei eu, já arrependida e bem antes de ver a grana.
Olhei meu
vestido de ontem, estava jogado no chão e percebi que parte dele estava
rasgada, minhas roupas íntimas também. Meu salto estava quebrado.
-Meu Deus, o
que eu fiz ontem à noite? Era para
apenas se divertir e não sair para caçar, sua vagabunda! Pensei alto.
Arrumei o
quarto de uma maneira que quando se olha, percebe-se que apenas uma pessoa
dormiu ali. Mas quem consegue enganar a própria alma? Nem eu. Quem eu estava
querendo enganar? Foi minha última saída. Eu não sou uma puta, mas meu emprego
de professora universitária não sustentava meus luxos.
E a companhia toca. Tomará que seja o carteiro, algum pregador religioso barato, tudo o que
eu menos queria naquela hora era um homem.
Abri
rapidamente a porta, vamos resolver isso logo. Ele entrou rapidamente, foi
direto no meu quarto. Eu fiquei olhando assustada
-Esqueci
minha carteira aqui. Disse ele
E saiu
rápido, me deu um beijo, só senti no vento o seu perfume.
Marcos P. S.
Fachin