quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

#40

ESTATUAS E COFRES

E paredes pintadas
Ninguém sabe o que aconteceu.
Ela se jogou da janela do quinto andar
Nada é fácil de entender.
Dorme agora,
é só o vento lá fora.
Quero colo! Vou fugir de casa!
Posso dormir aqui com vocês?
Estou com medo, tive um pesadelo
Só vou voltar depois das três.
Meu filho vai ter nome de santo
Quero o nome mais bonito.
É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar
Na verdade não há.
Me diz, por que que o céu é azul?
Explica a grande fúria do mundo
São meus filhos
Que tomam conta de mim.
Eu moro com a minha mãe
Mas meu pai vem me visitar
Eu moro na rua, não tenho ninguém
Eu moro em qualquer lugar.
Já morei em tanta casa
Que nem me lembro mais
Eu moro com os meus pais.
É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar
Na verdade não há.
Sou uma gota d'água,
sou um grão de areia
Você me diz que seus pais não te entendem,
Mas você não entende seus pais.
Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo
São crianças como você
O que você vai ser,
Quando você crescer?

Vou repetir o texto desse post. Mas é por motivos óbvios, eu comentei dele no post anterior. Ah vamos lá seu leitor preguiçoso.
Mas então, refere-se há um história ficticia que foi saindo com o tempo, bem curtinha.
Chama-se NAS TETAS DO SISTEMA, que até a quantidade de capitulos para mim significa alguma coisa.
Segue, sem cortes.


-->

CAP.I
Subi no ônibus, de cara me deparei com o motorista usando óculos escuros e camiseta de firma, provavelmente privatizada pelo Estado. Opa que maravilha, então a condução é de ótima qualidade, com certeza nos projetos e licitações até a ficha do colarinho é limpa. Cansei de rir, são tudo uma piada ruim. Ele nem quis saber, mal pisei na condução e a porta bate nas minhas costas, logo de cara tenho que sair me espremendo para poder dar uma respirada, olhando ao lado e vejo uma mãe com uma criança chorando. Aquele silêncio pairava entre espirros e tosse. Depois de um tempo tentando passar na catraca, enfim chego.
- Bom dia.
- 3 reais e VAI RÁPIDO que isso aqui tá lotado.
Meu dia de cão estava começando e pelo jeito de muita gente estava também e descontando a fúria do sistema em qualquer um. Beleza, condução privatizada, será tudo numa boa, só para quem é ignorante e se deixar cegar. Todo mundo olhando com a cara de’'não fale comigo’'. Meu ponto estava chegando e eu já estava prestes a sair de uma lavagem de dinheiro de votos, nem sequer tinha a tal corda para sinalizar o motorista, tinha que gritar mesmo. Meu ponto passou e não desci, desci daquele inferno de rodas no próximo ponto e de repente sou parado por ambulantes vendendo tranqueiras.
Caralho, todo mundo com a vida fudida se virando para tentar ganhar uma porra de um trocado e sobreviver um dia aqui, outro lá e do outro lado da moeda está o deputado colocando sua grana na meia, cueca e enfiando no cú. Por que essas merdas não usam os meios públicos para sobreviver?
Porque ele próprio sabe que é uma porra ejaculando merda instantaneamente, a grana que era para construir uma U.T.I foi no iate, enquanto a pobre da velha morre sem saber o motivo, ela só mais uma de tantas que já foram e serão empacotadas.
Vou para São Paulo lá serei o cara, terei tudo, meus sonhos serão meu presente, de trabalho arranjou um bico, a casa se transforma em um calçadão público, cama? O papelão da TV digital do magnata serve de divisão entre o chão pisado e o corpo coberto de lágrimas, decepções e arrependimento. De feirante a camelo, hoje rouba a venda da esquina. A profissão é ladrão, sou marginal sou o filho da falha do sistema -isso é o seu Brasil, essa é a sua cara, o Brasil tem a sua cara.
Voltando a realidade, continuei andando. Mas calma, isso é a realidade mas poucos enxergam. É uma alienação total. Lógico, a mídia domina sua mente, a lavagem do diabo, quem suborna o Diabo vive com Deus. Passei em frente dum boteco e ela estava lá, a TV passando aqueles programas de boquinha da garrafa, teste de não sei o quê, caso de DNA o caralho a quatro e todo mundo lá com a pinga na mão, jogando o cérebro no lixo. As buzinas comem soltas, AHHHHHH que loucura, já nem sei mais a onde vou.
E quem disse que eu não sou a falha do sistema também? Saquei meu canhão e entrei na primeira loja de grife, assim foi.
-->

CAP.II

Entrei pilhado pelo pó que tinha usado antes de sair na rua, qualquer um que me visse poderia dizer que estava cheirando tudo, deve ser por isso que o motorista estava usando óculos escuros,o baseado do desjejum foi psicodélico, só assim mesmo para poder enfrentar o trabalho maçante de leva e trás gente. Cheguei apavorando a gostosinha do caixa, por um instante eu me imaginei metendo nela e foi o que fiz depois de assaltar a loja de granfino.
- Por favor moço, não me machuca, pode pegar todo o dinheiro!
- Cala a boca, aonde que estão às roupas mais caras e de marca de gringo? Disse a ela.
Respondeu toda histérica feita uma puta barata.
- Está logo aqui em cima, ai não me machuca por favor!
- Já disse para calar o bico caralho!
Fui pegando tudo e enfiando em uma bolsa qualquer, ao mesmo tempo ficava olhando entre suas coxas, assim que terminei mandei ela fechar a loja. Fez rapidinho e já estava chorando.
- TIRA ESSA SUA ROUPA VAGABUNDA
 Esbravejei apontando a arma. Agora sim que ela chorou mais, não quis tirar nem por Deus, então agarrei pelo pescoço, rasguei toda roupa e levei-a para o fundo da loja.
- Para, não faz AAHHHHHHH!!
- Calada cadela
 Peguei-a de jeito, abri suas pernas e meti.
No começo seu grito era de estupro, mas depois fui me dando conta que não precisava mais pega-la com força, ela gemia de prazer por mais estranho que fosse. Então fodemos ali até os corpos se cansarem. Quando matei minha vontade sexual peguei a bolsa, ela estava estirada nua no chão frio, seu mamilo latejava de prazer, mas ela aguentou quieta e logo sussurrou algo do tipo:
- Não sei quem você é mas eu quero ir contigo, posso?
- Pega suas coisas e vem.
Não sei por que disse isso, mas rapidamente foi o que veio a mente e assim ela topou vim. Não sei da onde ela é, porém me dava muito tesão.
 Andamos calados até minha casa, eu disse casa? Aquilo não chegava nem perto das residências do parque Morumbi, o que me importava realmente era um lugar para morar, uma cama quente e algo concreto sobre meus cabelos. Enfim, o caminho percorria ao som das solas dos nossos sapatos sobre os cascalhos, nenhuma palavra foi dita, parecia um caminho a condenação, purgatório ou sei lá o quê. Avistei minha porta, ainda vou ter que assaltar outra porque essa já está toda enferrujada, fiz uma força tremenda para abrir, foi num estalo e ela trombou em mim, adentrou procurando algo onde se deitar, foi direto ao meu colchão caindo como um anjo sem asa, as horas foram perdidas. Enquanto ela dormia fui ajeitar o lugar, fazia uma cara que não recebia ninguém, latas queimadas, bitucas de pito nos cantos, a pia toda ferrada, imaginei por um instante acabar logo com ela, pois ela poderia me complicar, peguei a arma e fui mas quando a olhei senti uma pureza em seu corpo, me senti aliviado profundamente por um instante aliás, sentimento estranho em mim. Estava agitado pelo pó, joguei meu furto num canto e dormi ali mesmo no chão ao lado dela.
 O dia se foi e meus olhos foram abertos pela sua voz, ela dizia:
- Mudei minha história...
-->

CAP. III      

... E foi melhor para mim, você deve estar se perguntando o que eu fiz, o porquê de estar aqui contigo. Aquela loja era do meu falecido pai, deixou de herança, assim que meus pais se separaram aquele lugar foi à única lembrança deixada, eles me davam uma vida de se invejar por qualquer garota, meus mimos eram tirados daquele lugar, eu me sentia bem ali. Trazia-me paz por lembrar dos meus momentos de família unida mas hoje o que sobrou foi minha mãe alcoólatra por causa do divórcio e a outra família do meu pai. Nessa altura da vida eu já sabia me virar, quem não souber fazer isso com tudo que você pode ter você é um fracassado, mas isso no fundo não me fazia bem, eu não merecia aquilo, não fiz nenhum esforço. Quero nascer de novo, viver a vida, sentir na pele de como é saber viver, aliás me chamo Renata.
Ficamos nos olhando por um instante, nessa hora eu havia voltado da viagem do pó, ali era eu realmente, era linda mas tinha sede de viver, isso eu notava realmente.
- Então você quer saber como é viver? Eu vou te dizer.
- Saber viver é sair da sua cidade natal com toda sua família sem nada no bolso e enfrentar a selva de pedra em busca de oportunidade e foi isso que fizemos, foi uma guerra até nos ajeitarmos, quando tudo parecia bem à guerra civil não declarada (mas acontece) tirou minha família de maneira bruta, a partir daí fiquei perdido, fiquei a margem de todo, então fui ser marginal, é dessa profissão ilegal que tiro meu sustento e esse colchão que você dormiu, se eu tenho medo de ser preso? O meu único medo é de ter medo, eu não vivo, eu sobrevivo a cada dia , a cada assalto.
- Se você quer conviver comigo ótimo, então começa ajeitando essas roupas que eu roubei de você, porque vamos fazer dinheiro na feira do bairro.
- Nem sequer sei seu nome, qual é? Disse Renata.
- Sou conhecido como Mosca, por sinal tenta não parecer fútil, você espantará a clientela, pega uma muda de roupa minha e veste, será melhor.
 E assim fomos para a feira do bairro, caminhamos um tempo e nos conhecemos um pouco mais, chegando lá os feirantes já vieram me cumprimentar, fiz questão de apresentar a Renata e logo ela ficou conhecida como Rê do Mosca. É nesse tipo de comércio que a periferia gosta, encontra tudo que vêem na TV, tudo a preço de camelô, são aquelas pessoas que mal têm dinheiro para ter a comida na mesa, mas fazem questão de parecer igual a um artista, cantor que vêem por ai, são essas pessoas para quem eu gosto de vender, economizam o inteiro do mês a custo de fingirem que são burgueses fúteis, são uns porcos ignorantes isso sim e sou eu quem sai lucrando nessa mentira ideológica.
 Ela não estava com medo, vendia, negociava, tentava arrancar o máximo da grana do cliente alienado, se fosse eu já havia vendido por qualquer trocado, mas ela na primeira venda faturou quase o dobro do preço da roupa, impressionante. Meu maior assalto foi ela.
- E então, o que acha Mosca? Estou me saindo bem?
 Eu para não comprovar seu grande talento, respondi logo de cara:
- Não se empolgue, você sabe muito bem o que é vender, afinal é dona de uma loja, quer dizer, era.
Tinha um plano para aquela loja, ia ser um cenário ideal, o que será que os parentes da Renata estão pensando agora? É um contraste total. Devem estar desesperados procurando à queridinha, são nessas situações de risco que evidencia um sentimento verdadeiro.
Voltamos da feira, desta vez estava cheio da grana, mérito dela, estava toda feliz por ter sido superior a mim, não gostava nada daquilo e comecei a ficar irritado.
- Está se achando a tal não é?! Isso não é nada além do que faturar à custa da adrenalina desse mundo, no próximo assalto você me acompanha e fim de papo.
Assim que terminei de falar, ela parou de caminhar, me olhou por inteiro, fez cara feia e eu senti sua mão entrelaçando a minha, dizendo:
- Eu vou com você, e sabe por quê? Você tem medo e agora serei seu porto seguro, não importa o que vai acontecer daqui pra frente, quero estar do seu lado.
Como que em sã consciência alguém pode dizer isso?  Será que ela aparentemente igual a mim sentia um ódio tremendo de algo desconhecido? Ali, ela depositou grande confiança em mim, mesmo sem me conhecer, que sentimento doce e que nunca havia sentido, nem ao menos minha mãe havia me transparecido isso. Não posso pensar nisso, há um plano em mim que tem que ser cumprido.
- Esteja preparada amanhã cedo e solte minha mão.
É a falta da minha droga que me faz lembrar dessas merdas, quero me esquecer, chegamos na minha casa e ela dormira novamente em meu colchão.
- PORRA Renata, de novo?
Nem me escutou e foi em sono profundo, aproveitando isso peguei meu pó e relaxei. Saí louco de casa pensando que havia um escudo de imortalidade em meu peito, fui em direção a loja da Renata, tudo abandonado, nem sequer tinha algum panfleto com a fuça dela de desaparecida. Ela tinha razão, não havia mais sentimentos maternais naquela família e com certeza vou aproveitar dessa fragilidade.
Entrei na loja, já não havia mais nada, tudo limpado, na certa outros marginais passaram e fizeram o rapa, tudo era questão de tempo agora.
- EI VOCÊ?

CAP. IV

- Eu? Eu o quê? Abaixe essa voz, ouviu?
Não estava nem aí para as consequencias, já fiquei com uma das mãos prontas para sacar, mas esse velhote não apresentava ameaça nenhuma e eu aqui explodindo de raiva. Se controle, se controle. Ah, foda-se, saquei logo e apontei bem no seu nariz.
- O que você quer velhote? Estouro seus miolos!
- Calma, calma.
Com aquela voz cheia de medo e tranqüilidade. Por que eles possuem essa virtude esplendida?
- Meu jovem, eu só quero saber o que houve com a loja da senhorita Renata, você sabe de alguma coisa?
Senhoria Renata? Pensei eu. Até parece que ela era alguém importante, devia ser a cafetina dos velhinhos, isso sim.
- Não conheço ninguém não, agora se manda,ouviu? Esse lugar vai ficar famoso, então saia.
O velho foi embora com seus passos lentos de uma vida experiente e mais uma vez decepcionado com a juventude de hoje em dia. À uma hora dessas, ele devia estar dizendo: '' No meu tempo isso não acontecia, nem se quer esses moleques saiam de casa, a juventude está perdida''. E está mesmo e quando alguém resolveu reverter esse problema? Quando foi que disseram que eu estou fazendo errado? Não tenho ninguém para me falar isso, eu julgo o certo e o errado, o bem e o mal.
Voltando ao que estava fazendo, faltavam poucos detalhes, arrumei uma tinta preta e pintei a vitrine por completo, ficou tudo escuro e por dentro somente uma cadeira no centro do salão, faltava por fim o comunicador mundial e o olho que tudo vê.
No caminho de volta, encontrei o alvo certo, uma loja de eletrônicos, essas tranqueiras da era digital. Era digital? Por quê? Antes era qual, era analógica? PUTA QUE PARIU, se modernidade é você ver a cada dois meses a mesma pessoa comprando o mesmo produto, porém em versões diferentes e alegando que está ultrapassado, então eu quero andar de charrete pelo Neblon. Porco capitalista! Cheguei em casa, a Renata tinha recém acordado e veio logo dizendo, repetitivamente:
- Faturamos R$ 500,00, olha olha.
- Não me importo, guarda isso aí e se arruma porque dessa vez você vai vim comigo
- Mas Mosca, você não precisa mais assaltar, olha quanto dinheiro, vem ver.
- Não quero saber, guarda e quero você pronta quando escurecer.
Eu já tinha faturado muito mais que aquilo outras vezes, realmente não me importava com a quantidade de grana arrecadada, eu tento descobrir a cada dia a hipocrisia maquiada de cada um, a vida leviana das aberrações que o mundo criou. A lua estava dando suas caras, a escuridão tomava conta de tudo parecendo algum viral, estava na hora. A Renata estava nervosa e apreensiva, lógico nunca tinha feito nada parecido, aquela futilidade não proporciona nada igual.
E então saímos da minha casa parecendo um casal de namorados, não tinha nenhum plano para assaltar a loja de eletrônicos quer dizer, nunca tive planos para nada
- Então Mosca, qual o plano? Perguntou Renata.
Estávamos andando rápido, parei de caminhar e questionei-a.
- Eu tenho cara de alguém que tem um plano?
Pessoas com plano possuem protocolos a serem seguidos criteriosamente, vivem em seus mundinhos patéticos e cheio de regras para a automanipulação, eu poderia ter dito isso a ela, mas eu a afetaria diretamente. Pessoas fúteis com seus mundos fechados planejados.
- O que faremos então Mosca?
- Eu não sei oras, há centenas de possibilidades, como você pode planejar algo desconhecido? Vamos fazer o que temos que fazer.
Até chegarmos na cena pude reparar que meu rosto estava anêmico e que ainda tinha uma trouxa de heroína no bolso, era o que eu mais queria naquela hora, essa loja não ficava muito longe, já era noite e estávamos há menos de cem metros onde havia um segurança meia boca na frente. Era um rapaz jovem, devia ter seus 20 e poucos anos, o primeiro emprego talvez, todo atento e concentrado com uma pistola na cintura, mal sabia o que iria acontecer.
Ficamos ali parados por um tempo, tempo suficiente para cheirar aquilo tudo, Renata não disse uma palavra e apenas estava com uma barra de ferro na mão. Estava fora de mim, minha aparência interna era totalmente outra, quando me dei por percebido ela estava indo em direção ao segurança que estava sentado em frente ao comércio.
- Renata, volte aqui agora, Renata volte.
Tentava chamar sua atenção, mas nada fazia ela olhar para trás, Renata atravessou a rua e vi de longe que o jovem segurança começou a agir em modo de risco, também àquela hora da noite uma mulher do tipo dela indo em sua direção segurando uma barra de ferro em uma das mãos, ele devia estar pensando que alguma coisa estava errada e realmente estava. Ele ia se dar mal, não tinha mais jeito.
- Ela vai conversar com ele, ela vai fazer, vai fazer. Vai dar merda. Disse para mim mesmo.
Então saí correndo, até chegar em uma distância que poderia acertar ele e assim fiz, dois tiros rapidamente nas pernas, gritou igual uma mulherzinha e caiu no chão. Nesta hora a Renata estava perto dele e ouvia os pedidos de súplica do coitado.
- Me ajuda por favor, alguém atirou em mim. Socorro.
Ela olhou para trás e me viu guardando arma na cintura, nós nos olhamos, estava séria e compenetrada, parecia saber o que estava fazendo. Então ela fez sim, balançando com a cabeça.
- O que ela vai fazer? Pensei.
- RENATA? NÃO! Gritei.

CAP. V

Atravessei a rua num instante gritando sem parar seu nome, me ignorava como se nem soubesse quem eu era, o segurança estava com as mãos ensangüentadas suplicando pelo socorro e olhando para Renata. Ela estava fora de controle, estava se parecendo comigo, a culpa era minha, eu tinha criado aquilo e não queria outro igual a mim seu eu tivesse que matar ela por isso, eu a matava.
Cheguei a tempo, impedi de ela arrebentar a cara do O- com a barra de ferro. Ele disse:
- Obrigado Senhor, pelo amor de Deus tire essa mulher daqui, obrigado.
- O QUE VOCÊ ESTÁ PENSANDO? LARGA ESSA PORRA, SOMI DAQUI! Disse a ela
Ela não entendeu nada, mas fez o que eu disse e dobrou a esquina e ficou espreitando.
Aquele segurança no auge do sofrimento suplicou agradecimentos sem parar.
- Calma, calma. Seu sofrimento está acabando, você vai ficar bem.
- Ligue para o pronto socorro, estou sangrando muito.
- Não há mais necessidades. Disse a ele.
Foi então que, rapidamente atirei no meio de sua testa, estava a um palmo dele e as solas dos meus sapatos encheram de sangue e de seu miolo infecto, podre cerebral.
- Agradeça a mim e não ao seu Deus.
Olhei para trás, Renata estava aos prantos e foi embora. Não ia mudar meus planos, dei uma pezada violenta na vitrine, o alarme disparou, policia estava a caminho e fiz o que tinha que fazer. Consegui tempo suficiente de ir embora andando, a lua estava me olhando, clareava meu caminho e me fez lembrar da Patrícia, minha deusa, meu maior pecado.
Já era tarde, cheguei em casa cheio de tranqueiras, Renata estava lá e veio dizendo:
- Me desculpa não queria estragar nada, só segui o meu instinto, eu apenas queria ajudar.
- Não fale nada, apenas tire a roupa e deite no chão.
- Como disse?
- Você quer que eu te bata? Quer na base do esporro? Eu acho que não.
Do inferno ao céu, contemplei-a tirando suas vestias lentamente, aquela lingerie branca transparente dava a prévia do que ia ocorrer, aquele mamilo rosado se destacava, seus pentelhos íntimos escurecia entre suas pernas
- Fique assim, não tire.
Deitei com ela naquele chão gelado, então coloquei sua calcinha de lado e meti incansavelmente, mas meu pensamento estava em Patrícia. As horas se passavam e estávamos lá aquecendo os corpos, suando o chão.
-Chega, vamos trabalhar. Sabe o que fazer.
Ela respondeu:
- Não para, continua, vamos vai vai ahhrrrr
- Sai de cima, agora.
Do furto, eu separei uma câmera e um computador, o resto ela foi vender na feira. Enquanto ela faturava em cima da alienação do povo eu fui em sua loja preparar tudo, coloquei a câmera em frente à cadeira e o conectei ao computador. A câmera ia ser o olho do mundo, olho que tudo vê, que tem todas as informações de cada habitante desse planeta. Somos vigiados constantemente por lentes, por todos, a internet veio para isso, para acabar com a privacidade, acabar com a vida social, mostrar o quão virtual a pessoa pode ser. O mundo é um reality show que não tem audiência, 24 horas sem comerciais. É impressionante perceber que não basta a nossa vida, queremos a vida do amigo, do namorado, vigiar, proteger, é ‘’platônico’’.
- Você de novo? Disse para aquele velho que estava ali novamente para saber da Renata.
- Meu jovem, digo o mesmo para você e o que faz aqui?
- Já disse que não sei nada sobre essa tal senhorita Renata e essa não é a questão. Disse em um tom depreciativo.
- Não? Argumentou para mim.
- Você está com sorte? Está com sorte?
Enquanto olhava para mim sem saber o sentido da pergunta, me aproximei dele e o soquei na cara até desmaiar, caiu no chão feito uma jaca. A cobaia estava pronta, liguei a câmera e comecei a filmar. O velhote estava com o rosto inchado, sua camisa branca de botão estava encharcada de sangue, comecei a gravar seu fim.
Deixei sentado na cadeira sofrendo de dor, suplicando por ajuda, seu supercílio estava cortado não parava de sangrar, o sangue marcava o lugar. Gritava, gemia, questionava o porquê disso.
- Vocês sofrem por que querem sofrer, não entendem que o sofrimento pode ser evitado?! A vida é um milagre, é uma benção, vão todos a merda. Por que acham que há sofrimento, injustiça, corrupção e mentira? Diga-me velho sabido? Vamos responda!
Ele não conseguia falar, lutava para respirar.
- Foi o que imaginei, o seu silêncio é a resposta de todos também, ninguém reclama do errado, todos aceitam a impunidade. Burros de carga, gostam de sofrer calado.
Dei um tiro no ombro do velho, ele caiu para trás junto com a cadeira e deixei que o tempo se tornasse seu assassino. A câmera ficou ligada. Quinze minutos depois, estava na rede a breve morte que o mundo engoliu.
Saí da loja como se nada tivesse acontecido, mas aquilo não era nada mesmo, voltei para casa e Renata tinha cumprido a missão.
- A policia está te procurando, as câmeras internas do comércio de eletrônicos te pegaram e agora sabe quem você é, precisa fugir, tome esse dinheiro, vá.
Ouvi muito bem o que ela disse, mas não dei muita importância, entrei, peguei meu pó e relaxei, provavelmente eles vão ligar a morte do segurança com o assalto, grande coisa!
- Até parece que é você quem vai ser presa, então não se preocupe, porque se me pegaram vão pegar você também. Você vai fazer o seguinte:
- Mosca, você não entendeu, é a Policia Federal que está te procurando e sabe por quê? Além de estar procurando você por assaltar a loja de eletrônicos, você é suspeito da morte daquele segurança, de assaltar a minha loja, do meu desaparecimento e por vender produtos roubados.
- Você também não entendeu, se me pegaram você vem junto, não tem escapatória.Vem cheirar comigo? Ri de sua cara patética.

Nada de pânico, liguei meu estereo, aumentei o volume e o som das guitarras de Steve Vai (http://migre.me/3Vlcv) entrou em meus ouvidos e enquanto isso Renata estava ficando maluca e não parava de falar.
-Meu Deus o que foi que eu fiz? Aonde fui me meter? Joguei minha vida no lixo, eu sou uma idiota!
Ela andava pra lá e pra cá sem parar e falando e falando.
- Abaixa essa merda de música, não está vendo que vamos ser presos?
Steve não queria saber de nada e mandava riffs de guitarras ensurdecedor, ela correu no stereo, desligou o som e automaticamente o rádio veio dizendo:

CAP. VI

-Fábio Henrique da Silva, 27 anos nascido dia 04 de julho de 1983 filhos de imigrantes nordestinos está sendo procurado pela Policia Federal por vender produtos roubados, assaltar a Eletrônica Rocco, assassinar o segurança noturno Pedro Oliveira Cardoso, ainda é suspeito de assaltar a Butique Amorim e do desaparecimento da proprietária Renata Albuquerque Amorim.
-Acho que o Steve tem coisas melhores a oferecer para nós dois, você não acha?
Disse a ela, demonstrando um deboche total dessa situação que criei, eu sou o que quero ser. Voltamos a ouvir as guitarras.
-Você vai fazer o seguinte Renata, amanhã quero que você naquela sua loja e que vá mais bonita possível porque vamos ficar famosos
-Eu o quê? Você enlouqueceu, está delirando
- E se não fizer o que estou mandando, vou me entregar para os canas, digo que você era minha cúmplice e que estávamos armando a morte de sua mãe para ficar com a herança. Ou você acha que eu não sei que sua mãe mesmo com problemas com álcool é muito da espertinha de se casar com o vice-governador?
Renata ficou espantada com aquilo tudo e tentou fugir, mas consegui pega-la a tempo pelo braço, segurei-a tão forte que os meus dedos ficaram marcados em sua pele rósea
- Você não vai fazer isso? O meu padrasto é poderoso, vai te achar a qualquer custo.
- E daí, você não me conhece mesmo, eu não me importo o que vai acontecer daqui para frente, o que pulsa em minhas veias está podre. Eu morri há muito tempo, não é o Fábio que está aqui na sua frente, ele se foi quando aquele sentimento puro se tornou escuro e podre, o azul em meus pensamentos se transformou em trevas, ninguém neste mundo é real, eu sou real? Você é real? Isso tudo é a mais cruel das verdades e eu desisti de sonhar a muito tempo.
Ela não tinha aonde ir, ou ficava comigo e tudo ia acabar como eu queria ou iria enfrentar a selva do sistema lançada em sua cara. Questionou-me do que iremos fazer:
-Famosos? O que iremos fazer?
- Não se preocupe enquanto a isso, faça o que disse e pronto, vamos participar de um show. Ninguém sabe que eu sou o Fábio de 28 anos, como eu disse, só estou usando seu corpo, lembre-se sou Mosca. Fique tranquila ninguém irá nos encontrar por enquanto.
Então, acendi um cigarro tomei uma cerveja e sonhei.
Estava tudo diferente, os pássaros cantam melodias perfeitas, o sol me ilumina por completo e voltei aquele passado. Era a primeira vez que aquela sensação de paz e pureza entrava em meu coração, trocamos olhares e de sua boca saiu um oi.
-Oi
Foi magnífico, é como se fosse uma espécie de energia positiva me contaminando por completo. Minhas pernas amoleceram, senti o pulsar da minha espinha, procurei palavras em minha boca, foi como se outro alguém estivesse tomado conta de mim e falou algo do tipo:
- Eu procuro pensar um pouco adiante e porque não fazer agora o que o futuro nos aguarda?
Sem entender absolutamente nada, ela perguntou
- Imaginei que iria dizer outro oi, mas o que o futuro nos espera?
Meus olhos entraram-nos dela, aproximei até sentir à sua respiração.
- Você é a mulher que eu quero ficar até o fim dos tempos e nossa história começa assim:
Entrelacei meus dedos com os seus a beijei como se fosse o último beijo ofertado ao amor universal e ela tinha gosto de maracujá, Patrícia, meu doce amor maracujá.
- Não posso negar que gostei desse beijo, desses lábios que se encaixaram perfeitamente nos meus, qual o seu nome?
- Sou Fábio. Disse meio envergonhado.
- Patrícia e isso que você fez não foi nenhum pouco previsível.
- Não? Questionei-a surpreso.
E ela completou:
- E segundo você eu sou a mulher ficarei com você até os fins dos tempos.
Depois disso, ela sorriu e me beijou para definitivamente selar o amor mais puro que o universo irá presenciar.
Éramos jovens. Eu tinha 17 anos e ela também, não sabia o que era amar alguém até conhecê-la naquele instante e realmente foi surpreendente. Descobrimos juntos, fizemos juntos, choramos, rimos, todas as situações eram vividas para nós dois, éramos como pão e manteiga.
O tempo passou por mim ligeiramente, quando me dei por percebido estávamos trocando aliança de noivado.
- Eu te amo Fábio.
-Até os fins dos tempos meu doce maracujá.
Saímos do restaurante, caminhamos pela rua, a cidade estava em chamas, porém nada nos tirava da sintonia, da perfeita dança dos anjos. Alguém passou por nós rapidamente, e nos trombou, tinha uma aparência horrível, um marginal na certa e logo em seguida parou um carro escuro.
- ENTRA OS DOIS, AGORA! Disse apontando uma arma.
Não tínhamos o que fazer ali, Patrícia não poderia se machucar. O marginal a pegou pelo cabelo e jogou para dentro do carro e fui junto.
-Não diga nada, absolutamente nada. Disse o motorista, usando óculos escuro.
Dentro daquele carro, Patrícia estava aos prantos, percorremos muitas ruas, já nem sabia onde estava, foi então que o carro parou e o motorista falou:
- Saia do carro.
Estávamos saindo, não sabíamos o que iria ocorrer e eu estava desesperado.
- Você não boneca, só ele que sai, fique dentro do carro. Disse o marginal.
Meu maracujá ficou dentro do carro, dava socos na janela para poder sair e eu do lado de fora sendo espancando pelo motorista não pude fazer absolutamente nada. Do lado de fora conseguia ouvir seus gemidos, ela estava sendo estuprada. Meus olhos agora estavam inchados, diante daquilo tudo tentei seguir meu instinto e reagi.
Comecei a me defender dos socos, dos ponta pés, a força que saía de mim refletia no sofrimento de Patrícia e do orgasmo do marginal, consegui pegar a arma que estava na cintura do motorista e ligeiramente apertei o gatilho. Estava tão desesperado que pareceu que a bala saiu do cano sem nenhuma pressão, mas ao contrário disso, o individuo caiu no chão feito um castelo de cartas derrubado por uma criança, menos um. Fui ao carro, onde meu maior tesouro estava sendo violado, puxei o marginal de dentro e com a arma o acertei na cabeça ,ele caiu junto a Patrícia que estava nua toda marcada de sangue ao mesmo tempo sei pensar mirei e puxei o gatilho e uma parte de mim morria naquele exato momento
- PATRÍCIAAAAAAAAAAA!!!!
O marginal a usou como escudo humano, algo de estranho naquele instante florescia dentro mim, meus dedos da mão se fecharam, comecei a pressionar os dentes uns aos outros, franzi a sobrancelha e com a arma atirei no pescoço do marginal. Ali ele não tinha como escapar, jatos de sangue pintavam o carro, enquanto a morte o buscava, mas fiz questão de ajudar as trevas, esvaziei o cartucho em sua cabeça e o corpo de Patrícia se vestiu de vermelho.
Coloquei a arma na parte de trás da cintura, saí daquele beco com uma nova identidade, a raiva e o ódio já pulsava junto ao meu coração, olhei para trás e as MOSCAS já estavam no local aproveitando da discórdia humana.

CAP VII- FINAL

‘’Sentei num muro mas isso não funciona. Continuo fornecendo amor, mas ele está tão cortado e despedaçado...’’

O sol da selva entrou em meus olhos, com aquele cheiro podre do mundo e me fez tirar Patrícia dos meus sonhos. Renata já não se encontrava lá e o show iria começar.
Mais de dois milhões de visualizações daquela gravação que fiz da morte do velho, todos queriam saber quem foi o psicopata que realizou toda aquela anarquia, já estava à procura. Policiais, investigação científica e tudo que era setor criminal estavam envolvidas nessa busca, enquanto eu caminhava para o encontro de Patrícia, o mundo me queria, estava famoso mesmo ninguém sabendo minha real identidade.
Antes de entrar naquela loja, respirei o que seria o último ar em meus pulmões, sabia que dali não teria mais volta, dei uma olhada ao meu redor, as imagens iriam ficar eternizadas em minha alma, estava feliz e ela ansiosamente me esperando. Ao abrir a porta daquele lugar, senti o cheiro da morte pairando, o corpo daquele velho estava azul servindo de banquete para vermes, apreciando a revolta humana. Renata olhava de um jeito a não entender nada.
- Veja isso, olha o que aconteceu com minha loja? Disse ela.
- Tenha calma, iremos para um lugar mais seguro, agora se sente aqui. Disse a Renata, era uma das poucas conversas que eu tive com ela sem ter alguma alteração em meu organismo. Não estava dopado, ela sentou como quem quisesse resposta para aquela situação toda, não sabia o porquê de estar naquele lugar. A câmera filmava tudo.
- Renata, foi aqui que você quis embarcar em minha vida, você deixou de lado toda uma vida sólida para se aventurar com um qualquer, nem quis saber as conseqüências que iria trazer toda essa mudança, mas quis entrar nesse navio afundado, o que você queria provar a si mesma? Esse era o teu desejo? Uma burguesinha se aventurando no submundo? Até agora você se comportou, me surpreendeu por tentar fingir que queria uma vida dessas.
Ela ouvia tudo sem dizer nada, a câmera gravando e soltando na rede. Naquele mesmo tempo as autoridades já estavam associando o outro vídeo com este e rastreavam a origem das imagens.
- E me rotulam de marginal, se marginal é não estar conivente com todo esse sistema falho, então eu sou sim! Mas o errado aqui é você, não dar valor aqueles que estão próximos, não ser grato por aquilo que se tem, problemas e tragédias todos têm na vida. O que te faz humano de verdade é poder levantar a cabeça depois de sermos derrubado pelas surpresas negativas que a vida nos prega, não venha me dizer que só você tem problema, NÃO! Todos têm, mas e daí?! Você é fraca, quem desistiu de viver não fui eu. A partir do momento que trepamos nesse mesmo chão você teve sua dignidade vendida e isso é como trair a própria alma.
Coloquei a mão no bolso, retirei aquele pequeno pacote. Aquele pó branco enfileirava em minhas mãos ásperas. Renata não conseguia falar nada, possivelmente já tinha idéia do que iria acontecer ali. Cheguei perto da câmera, cheirei aquilo tudo.
- Vocês do outro lado, com a bunda colada em sua poltrona confortável, quando que irão entender o sentido disso tudo que nos rodeia? Não entende que nesse comodismo nada se resolve, você é o culpado de sua vida estar desse jeito. Eu sei e vocês tentam fingir não saber, que todos querem salvar o mundo. Mas ninguém mexe um dedo para lutar, gritar e ir contra toda essa hipocrisia que nos cerca.
-Mosca, o que pretende com isso tudo? Por que está falando desse jeito?
 Entre tantas coisas que ela começou a dizer, pude compreender somente isso. Estava ficando tonto.
- Isso tudo não é nada, você irá compreender daqui a pouco. Agora vou te amarrar aqui.
- O quê? Respondeu-me em um tom sério.
- É isso mesmo que farei! Vai fazer o quê quanto a isso? Disse a ela apontando minha arma em sua testa.
Então Renata engoliu as palavras, amarrei suas mãos e pés na cadeira. Aquela altura as autoridades estavam chegando e meu tempo se esgotando. A câmera registrava tudo e o mundo acompanhava aquele circo todo. Agora ela chorava, deve ter finalmente entendido tudo que disse, caiu na real.
- Minha mãe, aonde você está? Preciso do seu colo.
 Ela sussurrava para si mesma, parecia estar rezando, suas lágrimas escorriam em sua pele até cair naquele chão embebido de sangue.
- Fábio, o local está cercado, não tem por onde escapar, solte à senhorita Renata e resolveremos isso da melhor maneira possível.
 Com ajuda de megafone a voz do capitão da polícia soou o alerta, comigo não tem negócio, não há alternativas e os ponteiros do relógio davam seus gritos.
- Todos estão presentes, o espetáculo dessa noite não trás nada que não conheçam, estão vendo esse show constantemente. Todo mundo está aí? Não sou eu que estou apertando o gatilho, são todos aqueles que não dão valor as coisas básicas, o amigo, o lugar pra viver, não têm no que acreditar, não possui sonho.
Olhei para Renata, estava de cabeça baixa.
-Renata, olhe para mim. Disse a ela.
Quando aqueles olhos cheios d’água se encontraram com o meu, atirei em sua cabeça. A força foi tão grande que ela caiu junto ao velho, o buraco em sua nuca parecia uma bola de tênis. A polícia ouviu os tiros, estavam querendo invadir.
- Veja isso, todos vocês apreciando toda essa barbárie e não fazem absolutamente nada?
Renata estava desfigurada no chão vermelho, se foi com os olhos abertos, registrando até o último segundo de vida.
Estão entrando e o meu tempo nesse universo terminando. Novamente cravei os olhos na lente e me entreguei.
- ‘’A insanidade sorri, sob pressão estamos pirando. Não podemos dar a nós mesmos mais uma chance. Por que não podemos dar ao amor mais uma chance? Por que não podemos dar amor? Pois o amor é uma palavra tão fora de moda e o te desafia a se importar com as pessoas no limite da noite. E o te desafia você a mudar nosso modo de nos preocupar com nós mesmos. Esta é a minha última dança. Isto somos nós mesmos. SOB PRESSÃO!’’.
- FÁBIO NÃO FAÇA ISSO! Disse o capitão da policia, tentando parar o inevitável.
Rapidamente meus lábios se queimaram no cano da arma que ainda estava quente e pousava em minha boca.
 Senti naquele momento um milhão de emoções, um milhão sensações.
 Minha última dança.
 E já não quero mais voltar.

FIM.


Marcos P. S. Fachin