domingo, 23 de janeiro de 2011

#9


ENEM-COLETIVO INDIVIDUALIZADO


Na época de vestibulares espalhados pelo Brasil a fora, havia um maior desejo dos estudantes de escolher a faculdade mais apropriada. Era mais suado o esforço? Realmente não podemos dizer que não era, porém cada vestibular tinha seu nível de ingresso, visto isso, se aplicou o ENEM como instância de se atribuir um acréscimo na nota final do aluno.
Com o passar dos anos o ENEM ficou famoso por ajudar muito a inserção dos alunos na faculdade desejada, tamanha foi esse prestígio que resolveram tornar-lo uma seleção única para todas as faculdades do país, inicialmente uma ótima idéia segundo pedagogos de esquerdas que se dizem formadores de opiniões e é ai que vem o x da questão.
Como convencer uma universidade aderir a esta idéia?      
Simples, para as universidades que irão aderir serão aplicados milhões, para aquelas que não aderirem irá ficar do jeito que está.
Mas não é tão simples assim, o ENEM ficou famoso demais, se é que podemos dizer assim, pela segunda vez consecutiva protagoniza episódios reais de como se encontra o sistema educacional e olha que estamos falando de ensino superior, agora imagina a situação dos outros níveis de ensino básico.
O ENEM de 1999 a 2008 não houve problema algum, lógico não era AINDA a porta principal de entrada a universidade , porém a situação muda, as leis correspondentes são aprovadas de extrema rapidez, os processos cabíveis para a situação correram rápido na câmara, no senado. Lembro-me que em 2009 todos estavam confuso se o ENEM era ou não o ''vestibular unificado'', não passaram seis meses e o palco foi todo armado para tal escrotisse. Ótimo, verbas serão aplicadas nas universidades e blá blá blá.
Nos documentos é isso mesmo que está acontecendo, tudo conforme foi dito e escrito, mas nenhum político vai nas universidades olharem a situação. Situação essa, que todos sabemos, AS UNIVERSIDADES PÚBLICAS ESTÃO SUCATEADAS.
A base autoritária desses núcleos de educação é sustentada por bases políticas, falcatruas, interesses próprios. Os estudantes ficam putos e se mobilizam, pintam a cara, levantam bandeiras, se vestem como comunistas, mas nem sabem o que é tal movimento, fazem greve para tudo, se articulam em partidos de esquerda, não quer ouvir a oposição, não são maleáveis. De um lado temos autoridades poderosas, do outro lado estudantes reivindicando direitos sem saber qual objetivo certo e assim vai um ciclo vicioso alimentado por cada habitante desse país.
Sabe quando isso vai mudar? NUNCA.
SE ALGUM DIA VOCÊ MUDAR UM COLETIVO SEM MUDAR VOCÊ MESMO, ESTÁ TRAINDO A TI PRÓPRIO, todos esses problemas serão resolvidos quando resolvermos os nossos, quando mudarmos o costume de ser desonesto em tudo, na fila do banco, pirateando tudo, passando a perna na receita federal, vendendo o voto por sacos de cimento e indo muito mais além.
 Então não venha dizer que são os políticos que são culpados pela situação atual do país, que é o presidente, que a reitora, que é puta que pariu, falamos isso porque sabemos bem que é o verdadeiro culpado e só não dizemos por pura vergonha pois, iremos nos sentir traído. TEMOS O COSTUME DE ESCONDER NOSSOOS ERROS MEDIANTE AOS ERROS DE OUTROS, BRASILEIRO TEM ESSE COSTUME.
E TENHO DITO!

#8

AQUI NÃO

Tenho medo de andar,
Tenho medo de respirar,
Não quero olhar para trás,
Não quero que me olhem.
Deixe-me desconectado,
Aqui tem cheiro bom, tuti-fruti,
Maracujá, carambola, tem cheiro de estrela.
Lá tem canibais ideológicos.
O cheiro é bom, mas tem gosto de você,
Podre, infecto.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

#7

NAS TETAS DO SISTEMA

CAP. III
... E foi melhor para mim, você deve estar se perguntando o que eu fiz, o porquê de estar aqui contigo. Aquela loja era do meu falecido pai, deixou de herança, assim que meus pais se separaram aquele lugar foi à única lembrança deixada, eles me davam uma vida de se invejar por qualquer garota, meus mimos eram tirados daquele lugar, eu me sentia bem ali. Trazia-me paz por lembrar dos meus momentos de família unida mas hoje o que sobrou foi minha mãe alcoólatra por causa do divórcio e a outra família do meu pai. Nessa altura da vida eu já sabia me virar, quem não souber fazer isso com tudo que você pode ter você é um fracassado, mas isso no fundo não me fazia bem, eu não merecia aquilo, não fiz nenhum esforço. Quero nascer de novo, viver a vida, sentir na pele de como é saber viver, aliás me chamo Renata.
Ficamos nos olhando por um instante, nessa hora eu havia voltado da viagem do pó, ali era eu realmente, era linda mas tinha sede de viver, isso eu notava realmente.
- Então você quer saber como é viver? Eu vou te dizer.
- Saber viver é sair da sua cidade natal com toda sua família sem nada no bolso e enfrentar a selva de pedra em busca de oportunidade e foi isso que fizemos, foi uma guerra até nos ajeitarmos, quando tudo parecia bem à guerra civil não declarada (mas acontece) tirou minha família de maneira bruta, a partir daí fiquei perdido, fiquei a margem de todo, então fui ser marginal, é dessa profissão ilegal que tiro meu sustento e esse colchão que você dormiu, se eu tenho medo de ser preso? O meu único medo é de ter medo, eu não vivo, eu sobrevivo a cada dia , a cada assalto.
- Se você quer conviver comigo ótimo, então começa ajeitando essas roupas que eu roubei de você, porque vamos fazer dinheiro na feira do bairro.
- Nem sequer sei seu nome, qual é? Disse Renata.
- Sou conhecido como Mosca, por sinal tenta não parecer fútil, você espantará a clientela, pega uma muda de roupa minha e veste, será melhor.
 E assim fomos para a feira do bairro, caminhamos um tempo e nos conhecemos um pouco mais, chegando lá os feirantes já vieram me cumprimentar, fiz questão de apresentar a Renata e logo ela ficou conhecida como Rê do Mosca. É nesse tipo de comércio que a periferia gosta, encontra tudo que vêem na TV, tudo a preço de camelô, são aquelas pessoas que mal têm dinheiro para ter a comida na mesa, mas fazem questão de parecer igual a um artista, cantor que vêem por ai, são essas pessoas para quem eu gosto de vender, economizam o inteiro do mês a custo de fingirem que são burgueses fúteis, são uns porcos ignorantes isso sim e sou eu quem sai lucrando nessa mentira ideológica.
 Ela não estava com medo, vendia, negociava, tentava arrancar o máximo da grana do cliente alienado, se fosse eu já havia vendido por qualquer trocado, mas ela na primeira venda faturou quase o dobro do preço da roupa, impressionante. Meu maior assalto foi ela.
- E então, o que acha Mosca? Estou me saindo bem?
 Eu para não comprovar seu grande talento, respondi logo de cara:
- Não se empolgue, você sabe muito bem o que é vender, afinal é dona de uma loja, quer dizer, era.
Tinha um plano para aquela loja, ia ser um cenário ideal, o que será que os parentes da Renata estão pensando agora? É um contraste total. Devem estar desesperados procurando à queridinha, são nessas situações de risco que evidencia um sentimento verdadeiro.
Voltamos da feira, desta vez estava cheio da grana, mérito dela, estava toda feliz por ter sido superior a mim, não gostava nada daquilo e comecei a ficar irritado.
- Está se achando a tal não é?! Isso não é nada além do que faturar à custa da adrenalina desse mundo, no próximo assalto você me acompanha e fim de papo.
Assim que terminei de falar, ela parou de caminhar, me olhou por inteiro, fez cara feia e eu senti sua mão entrelaçando a minha, dizendo:
- Eu vou com você, e sabe por quê? Você tem medo e agora serei seu porto seguro, não importa o que vai acontecer daqui pra frente, quero estar do seu lado.
Como que em sã consciência alguém pode dizer isso?  Será que ela aparentemente igual a mim sentia um ódio tremendo de algo desconhecido? Ali, ela depositou grande confiança em mim, mesmo sem me conhecer, que sentimento doce e que nunca havia sentido, nem ao menos minha mãe havia me transparecido isso. Não posso pensar nisso, há um plano em mim que tem que ser cumprido.
- Esteja preparada amanhã cedo e solte minha mão.
É a falta da minha droga que me faz lembrar dessas merdas, quero me esquecer, chegamos na minha casa e ela dormira novamente em meu colchão.
- PORRA Renata, de novo?
Nem me escutou e foi em sono profundo, aproveitando isso peguei meu pó e relaxei. Saí  louco de casa pensando que havia um escudo de imortalidade em meu peito, fui em direção a loja da Renata, tudo abandonado, nem sequer tinha algum panfleto com a fuça dela de desaparecida. Ela tinha razão, não havia mais sentimentos maternais naquela família e com certeza vou aproveitar dessa fragilidade.
Entrei na loja, já não havia mais nada, tudo limpado, na certa outros marginais passaram e fizeram o rapa, tudo era questão de tempo agora.
- EI VOCÊ?

#6

O MESMO DO ANTES



A situação atual do mundo relacionada a tragédias ‘’causadas pela natureza’’ vem e vão o tempo todo, a mídia explora o sentimentalismo humano como se fosse um cão faminto comendo um filé. Notícias de pessoas sendo encontrados a meios aos escombros outras dadas como desaparecida ou mortas.
Uma jornalista pergunta ao sobrevivente:
- Como sua família conseguiu sair a tempo da casa antes da enchente vir?
-Graças a Deus moça, só Deus mesmo para fazer um milagre desses.
A emoção toma conta ao relacionar a divindade com a salvação momentânea, essa resposta poderia ser dada antes do jornal local dizer que a cidade decretou estado de alerta aos habitantes e que as forças armadas estavam recolhendo moradores em zona de risco. Isso é Deus?
A vítima é a mesma que mata, infinitas famílias moram em encostas de rios, moram em morros, barrancos. E que o governo faz?
Um repórter questiona um político local:
- O que o governo daqui por diante?
- Nós temos um bilhão de reais para reconstrução da cidade e dar todo o auxílio necessário a população
Quanto dinheiro jogado fora, cansamos de ver que tragédias como essas e todo ano é a mesma história. As famílias que moram nessas zonas de risco estão lá porque querem? Estão lá por são forçadas indiretamente a estarem lá, são pessoas que o Brasil ignora, são pessoas que recebem a bolsa família e não meche um dedo para mudar de situação.
-Mais de 200 pessoas foram encontradas soterradas, 10 saíram com vida os demais não resistiram e morreram.
Isso é Deus?
Nós temos o costume de ignorar que a causa disso tudo vem de cada um que vive ali, da falta de oportunidade que o governo oferece para essas pessoas, a falta de consciência das famílias que lá estão e sabe que em qualquer hora ‘’o mundo ‘’ pode descer morro a baixo e é dessa maneira que a culpa ou o falso agradecimento se oferta a Ele.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

#5


NAS TETAS DO SISTEMA


CAP.II
Entrei pilhado pelo pó que tinha usado antes de sair na rua, qualquer um que me visse poderia dizer que estava cheirando tudo, deve ser por isso que o motorista estava usando óculos escuros,o baseado do desjejum foi psicodélico, só assim mesmo para poder enfrentar o trabalho maçante de leva e trás gente. Cheguei apavorando a gostosinha do caixa, por um instante eu me imaginei metendo nela e foi o que fiz depois de assaltar a loja de granfino.
- Por favor moço, não me machuca, pode pegar todo o dinheiro!
- Cala a boca, aonde que estão às roupas mais caras e de marca de gringo? Disse a ela.
Respondeu toda histérica feita uma puta barata.
- Está logo aqui em cima, ai não me machuca por favor!
- Já disse para calar o bico caralho!
Fui pegando tudo e enfiando em uma bolsa qualquer, ao mesmo tempo ficava olhando entre suas coxas, assim que terminei mandei ela fechar a loja. Fez rapidinho e já estava chorando.
- TIRA ESSA SUA ROUPA VAGABUNDA
 Esbravejei apontando a arma. Agora sim que ela chorou mais, não quis tirar nem por Deus, então agarrei pelo pescoço, rasguei toda roupa e levei-a para o fundo da loja.
- Para, não faz AAHHHHHHH!!
- Calada cadela
 Peguei-a de jeito, abri suas pernas e meti.
No começo seu grito era de estupro, mas depois fui me dando conta que não precisava mais pega-la com força, ela gemia de prazer por mais estranho que fosse. Então fodemos ali até os corpos se cansarem. Quando matei minha vontade sexual peguei a bolsa, ela estava estirada nua no chão frio, seu mamilo latejava de prazer, mas ela aguentou quieta e logo sussurrou algo do tipo:
- Não sei quem você é mas eu quero ir contigo, posso?
- Pega suas coisas e vem.
Não sei por que disse isso, mas rapidamente foi o que veio a mente e assim ela topou vim. Não sei da onde ela é, porém me dava muito tesão.
 Andamos calados até minha casa, eu disse casa? Aquilo não chegava nem perto das residências do parque Morumbi, o que me importava realmente era um lugar para morar, uma cama quente e algo concreto sobre meus cabelos. Enfim, o caminho percorria ao som das solas dos nossos sapatos sobre os cascalhos, nenhuma palavra foi dita, parecia um caminho a condenação, purgatório ou sei lá o quê. Avistei minha porta, ainda vou ter que assaltar outra porque essa já está toda enferrujada, fiz uma força tremenda para abrir, foi num estalo e ela trombou em mim, adentrou procurando algo onde se deitar, foi direto ao meu colchão caindo como um anjo sem asa, as horas foram perdidas. Enquanto ela dormia fui ajeitar o lugar, fazia uma cara que não recebia ninguém, latas queimadas, bitucas de pito nos cantos, a pia toda ferrada, imaginei por um instante acabar logo com ela, pois ela poderia me complicar, peguei a arma e fui mas quando a olhei senti uma pureza em seu corpo, me senti aliviado profundamente por um instante aliás, sentimento estranho em mim. Estava agitado pelo pó, joguei meu furto num canto e dormi ali mesmo no chão ao lado dela.
 O dia se foi e meus olhos foram abertos pela sua voz, ela dizia:
- Mudei minha história...