segunda-feira, 22 de agosto de 2011

#30


 Eu tentei ir, chegar, percorrer,

Procurei,

Tive o tempo eternizado pelo cosmo universal,

Conspira ao meu favor.

O ciclo vital nesta dimensão não se nota mais,

O coração já não bate involuntariamente

E eu sou fraco para continuar.

Vamos,

Tenho pressa agora,

Já não há mais dúvida

Sou o primeiro da espécie,

Pronto para recomeçar.

Marcos P. S. Fachin

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

#29

RASCUNHO DE MESA


Aquele som agudo matinal do relógio entrou em meus ouvidos e despertou meus neurônios para mais um dia naquela pífia rotina, juntamente com aquele gosto amargo de álcool na boca. Rolo durante alguns minutos na cama, pensando já no momento de voltar para casa.Vou meio cambaleando até o banheiro, o jornal de ontem está em minhas mãos. Lendo aquilo que já foi notícia de primeira página. Cheiro de merda, misturada com a realidade podre dessa minha cidade (minha vida).

Ao me olhar no espelho tentava me lembrar da noite passada, abri a torneira da pia e comecei a beber água dali mesmo, mas nada vinha à mente, apenas aquela dor de cabeça infernal, meu rosto estava todo borrado de maquiagem, nem me lembrei como cheguei em casa, muito menos de lavar o rosto antes de dormir. A água do chuveiro escorrendo pelo ralo, levando embora as sujeiras do meu corpo, a minha vergonha e minha dignidade. Enrolo-me na toalha e ainda me sinto na lama.

-Vou deixar o dinheiro em cima da mesa, foi muito gostoso gata, vou te procurar mais tarde. Disse uma voz masculina, acompanhado com a batida da porta.

- Ai droga, ontem não era o dia. Pensei eu, já arrependida e bem antes de ver a grana.

Olhei meu vestido de ontem, estava jogado no chão e percebi que parte dele estava rasgada, minhas roupas íntimas também. Meu salto estava quebrado.

-Meu Deus, o que eu fiz ontem à noite?  Era para apenas se divertir e não sair para caçar, sua vagabunda! Pensei alto.

Arrumei o quarto de uma maneira que quando se olha, percebe-se que apenas uma pessoa dormiu ali. Mas quem consegue enganar a própria alma? Nem eu. Quem eu estava querendo enganar? Foi minha última saída. Eu não sou uma puta, mas meu emprego de professora universitária não sustentava meus luxos

E a campanhia toca. Tomará que seja o carteiro, algum pregador religioso barato, tudo o que eu menos queria naquela hora era um homem sedento por sexo. 

Abri rapidamente a porta, vamos resolver isso logo.

-PAI? Exclamei em um tom assustado.

Marcos P. S. Fachin