segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

#16

NAS TETAS DO SISTEMA

CAP. V

Atravessei a rua num instante gritando sem parar seu nome, me ignorava como se nem soubesse quem eu era, o segurança estava com as mãos ensangüentadas suplicando pelo socorro e olhando para Renata. Ela estava fora de controle, estava se parecendo comigo, a culpa era minha, eu tinha criado aquilo e não queria outro igual a mim seu eu tivesse que matar ela por isso, eu a matava.
Cheguei a tempo, impedi de ela arrebentar a cara do O- com a barra de ferro. Ele disse:
- Obrigado Senhor, pelo amor de Deus tire essa mulher daqui, obrigado.
- O QUE VOCÊ ESTÁ PENSANDO? LARGA ESSA PORRA, SOMI DAQUI! Disse a ela
Ela não entendeu nada, mas fez o que eu disse e dobrou a esquina e ficou espreitando.
Aquele segurança no auge do sofrimento suplicou agradecimentos sem parar.
- Calma, calma. Seu sofrimento está acabando, você vai ficar bem.
- Ligue para o pronto socorro, estou sangrando muito.
- Não há mais necessidades. Disse a ele.
Foi então que, rapidamente atirei no meio de sua testa, estava a um palmo dele e as solas dos meus sapatos encheram de sangue e de seu miolo infecto, podre cerebral.
- Agradeça a mim e não ao seu Deus.
Olhei para trás, Renata estava aos prantos e foi embora. Não ia mudar meus planos, dei uma pezada violenta na vitrine, o alarme disparou, policia estava a caminho e fiz o que tinha que fazer. Consegui tempo suficiente de ir embora andando, a lua estava me olhando, clareava meu caminho e me fez lembrar da Patrícia, minha deusa, meu maior pecado.
Já era tarde, cheguei em casa cheio de tranqueiras, Renata estava lá e veio dizendo:
- Me desculpa não queria estragar nada, só segui o meu instinto, eu apenas queria ajudar.
- Não fale nada, apenas tire a roupa e deite no chão.
- Como disse?
- Você quer que eu te bata? Quer na base do esporro? Eu acho que não.
Do inferno ao céu, contemplei-a tirando suas vestias lentamente, aquela lingerie branca transparente dava a prévia do que ia ocorrer, aquele mamilo rosado se destacava, seus pentelhos íntimos escurecia entre suas pernas
- Fique assim, não tire.
Deitei com ela naquele chão gelado, então coloquei sua calcinha de lado e meti incansavelmente, mas meu pensamento estava em Patrícia. As horas se passavam e estávamos lá aquecendo os corpos, suando o chão.
-Chega, vamos trabalhar. Sabe o que fazer.
Ela respondeu:
- Não para, continua, vamos vai vai ahhrrrr
- Sai de cima, agora.
Do furto, eu separei uma câmera e um computador, o resto ela foi vender na feira. Enquanto ela faturava em cima da alienação do povo eu fui em sua loja preparar tudo, coloquei a câmera em frente à cadeira e o conectei ao computador. A câmera ia ser o olho do mundo, olho que tudo vê, que tem todas as informações de cada habitante desse planeta. Somos vigiados constantemente por lentes, por todos, a internet veio para isso, para acabar com a privacidade, acabar com a vida social, mostrar o quão virtual a pessoa pode ser. O mundo é um reality show que não tem audiência, 24 horas sem comerciais. É impressionante perceber que não basta a nossa vida, queremos a vida do amigo, do namorado, vigiar, proteger, é ‘’platônico’’.
- Você de novo? Disse para aquele velho que estava ali novamente para saber da Renata.
- Meu jovem, digo o mesmo para você e o que faz aqui?
- Já disse que não sei nada sobre essa tal senhorita Renata e essa não é a questão. Disse em um tom depreciativo.
- Não? Argumentou para mim.
- Você está com sorte? Está com sorte?
Enquanto olhava para mim sem saber o sentido da pergunta, me aproximei dele e o soquei na cara até desmaiar, caiu no chão feito uma jaca. A cobaia estava pronta, liguei a câmera e comecei a filmar. O velhote estava com o rosto inchado, sua camisa branca de botão estava encharcada de sangue, comecei a gravar seu fim.
Deixei sentado na cadeira sofrendo de dor, suplicando por ajuda, seu supercílio estava cortado não parava de sangrar, o sangue marcava o lugar. Gritava, gemia, questionava o porquê disso.
- Vocês sofrem por que querem sofrer, não entendem que o sofrimento pode ser evitado?! A vida é um milagre, é uma benção, vão todos a merda. Por que acham que há sofrimento, injustiça, corrupção e mentira? Diga-me velho sabido? Vamos responda!
Ele não conseguia falar, lutava para respirar.
- Foi o que imaginei, o seu silêncio é a resposta de todos também, ninguém reclama do errado, todos aceitam a impunidade. Burros de carga, gostam de sofrer calado.
Dei um tiro no ombro do velho, ele caiu para trás junto com a cadeira e deixei que o tempo se tornasse seu assassino. A câmera ficou ligada. Quinze minutos depois, estava na rede a breve morte que o mundo engoliu.
Saí da loja como se nada tivesse acontecido, mas aquilo não era nada mesmo, voltei para casa e Renata tinha cumprido a missão.
- A policia está te procurando, as câmeras internas do comércio de eletrônicos te pegaram e agora sabe quem você é, precisa fugir, tome esse dinheiro, vá.
Ouvi muito bem o que ela disse, mas não dei muita importância, entrei, peguei meu pó e relaxei, provavelmente eles vão ligar a morte do segurança com o assalto, grande coisa!
- Até parece que é você quem vai ser presa, então não se preocupe, porque se me pegaram vão pegar você também. Você vai fazer o seguinte:
- Mosca, você não entendeu, é a Policia Federal que está te procurando e sabe por quê? Além de estar procurando você por assaltar a loja de eletrônicos, você é suspeito da morte daquele segurança, de assaltar a minha loja, do meu desaparecimento e por vender produtos roubados.
- Você também não entendeu, se me pegaram você vem junto, não tem escapatória.Vem cheirar comigo? Ri de sua cara patética.

Nada de pânico, liguei meu estereo, aumentei o volume e o som das guitarras de Steve Vai (http://migre.me/3Vlcv) entrou em meus ouvidos e enquanto isso Renata estava ficando maluca e não parava de falar.
-Meu Deus o que foi que eu fiz? Aonde fui me meter? Joguei minha vida no lixo, eu sou uma idiota!
Ela andava pra lá e pra cá sem parar e falando e falando.
-Abaixa essa merda de música, não está vendo que vamos ser presos?
Steve não queria saber de nada e mandava riffs de guitarras ensurdecedor, ela correu no stereo, desligou o som e automaticamente o rádio veio dizendo:

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

#15


NÃO FUJA, FINJA


             Em um lugar que você não imagina

 Com um corpo que não me pertence, 

Não quero me libertar

As pessoas aqui se gostam porque é uma regra para se viver

O sistema é perfeito, a melodia dessas engrenagens me faz dormir

Deixe-me aqui, a falsidade me contenta

A realidade não é essa em que você vive, acorde, abra sua mente

Não existe amizade, amor, não existe afeto

As relações positivas relacionada às pessoas são fachada para um posterior canibalismo

Por que digo isso?

Olhe em sua volta, a raça humana veio por acidente

 E não há como lutar contra o tempo.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

#14

´´UM CARA DE SORTE´´

´´Hoje eu acordei com uma vontade enorme de sair e andar sem direção
Sem destino e sem medo da morte
Simplesmente andar e ouvir o que dirá meu coração
Eu sempre fui um cara de sorte 
 E tudo que eu conquistei, foi com o suor do meu trabalho
Eu nunca me rendi, não desisti, não me calei, não me deixei levar
Por essa corrente que prende pelos pés, ahhh eu arrebentei com os dentes
 Não me entreguei
Eu vim lutar
 Não vou deixar que alguém conquiste o impossível por mim
Hoje eu acordei com um vontade enorme de olhar no fundo dos seus olhos
 E te pedir perdão
Por tudo que eu falei sobre o amor, sobre nós dois e sobre o mundo
As vezes eu perco a razão
É que eu não reparei quando você me protegia em silêncio
E eu não soube expressar o meu carinho o meu amor em palavras de novela
 Mas quando a gente cresce e aprende a dar valor a quem esta perto
Eu vim dizer que eu voltei
Que esse aqui é o meu lugar
 Não vou deixar que alguém conquiste o impossível por mim´´

Tico Sta Cruz


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

#13

OUTRAS VERSÕES – TROTES UNIVERSITÁRIOS



Parabéns. Somos agora verdadeiramente jovens totalmente prontos para enfrentar a dura vida acadêmica, foi o que os pais sonharam, lutaram, fizeram das tripas coração para o filho entrar em uma boa universidade, diga-se de passagem pública, o que é primeiramente excelente para economia familiar e depois, é claro a valorização de currículo.
Na realidade é um pequeno mundo paralelo, onde quem dita às supostas regras são outros jovens que se encontram há mais tempo, pura bobagem. Mais bobagem ainda é aceitar essas imposições, é o que a maioria faz e se sente com os olhos brilhando de ser o centro das atenções e esperando o tradicional trote.
Aguarda ansiosamente sem sequer perguntar o porquê daquela farra toda, foi o que sempre desejou, situações onde a humilhação é bem vinda e o castigo é vindo gratuitamente.
- O calouro de merda, fica esperto que vamos te pegar!
Sinceramente eu não sei quem o mais estúpido, o universitário rodado por ficar alimentando algo literalmente banal e sem nenhum acréscimo de inteligência e situações desagradáveis ou o ‘’calouro’’ que aceita sem nenhum tipo de questionamento.
- É tradição, todo mundo aceita, por que eu não posso participar também? Eu estudei a vida inteira para isso.
Estudou a vida inteira para chegar no apogeu e jogar o cérebro no ralo, os novos universitários precisam ter opiniões concretas e ser autênticos, sejam prosperadores de outro tipo situações, façam a diferença dentro da universidade, sejam lembrados por pesquisas, projetos e não por ferir um colega de curso ou até mesmo matar.
- Vou ser o chato da turma, ninguém vai mais conversar comigo.
O quê?
Tem certeza?
- Quero ser popular, estou decidido.
Decisões e atitudes são o que faz você jovem ser lembrado, onde o meio em que vivemos uns pisam em cima de outros para poderem sobreviver e é a idade da sua mente que faz seu pensamento tornar-se realidade, é preciso coragem!
- Hoje na Universidade de São Paulo foi encontrado um jovem estudante de medicina morto na beira da piscina do campus, supostamente vitima de trote.
Foi essa uma das noticias que chocou o fim dos anos 90, e hoje esses assassinos trabalham salvando vidas e curando enfermos, olhando para trás e vendo a barbaridade que fizeram. Os pais deste estudante têm na vida uma ferida aberta e sabem que foi em vão os esforços para o filho entrar em uma das melhores universidades da América Latina.
-O nosso trote é leve, não fazemos nada demais.
Supostamente foi que disseram para o jovem morto. Sejamos jovens de verdade, propagadores do bem, começando com um ‘’seja bem vindo’’.

#12

RAIVA

As máscaras são ambulantes
Não me contagie com sua estupidez
Fique parado!
Não se mova!
Tire está máscara, melhor não
Você se esconde em covardia e egoísmo
Esse dedo apontado em minha direção
Enfie em seu esfíncter
E fique caladinho.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

#11

NAS TETAS DO SISTEMA

CAP. IV
- Eu? Eu o que? Abaixe essa voz, ouviu?
Não estava nem aí para as consequencias, já fiquei com uma das mãos prontas para sacar, mas esse velhote não apresentava ameaça nenhuma e eu aqui explodindo de raiva. Se controle, se controle. Ah, foda-se, saquei logo e apontei bem no seu nariz.
- O que você quer velhote? Estouro seus miolos!
- Calma, calma.
Com aquela voz cheia de medo e tranqüilidade. Por que eles possuem essa virtude esplendida?
- Meu jovem, eu só quero saber o que houve com a loja da senhorita Renata, você sabe de alguma coisa?
Senhoria Renata? Pensei eu. Até parece que ela era alguém importante, devia ser a cafetina dos velhinhos, isso sim.
- Não conheço ninguém não, agora se manda,ouviu? Esse lugar vai ficar famoso, então saia.
O velho foi embora com seus passos lentos de uma vida experiente e mais uma vez decepcionado com a juventude de hoje em dia. À uma hora dessas, ele devia estar dizendo: '' No meu tempo isso não acontecia, nem se quer esses moleques saiam de casa, a juventude está perdida''. E está mesmo e quando alguém resolveu reverter esse problema? Quando foi que disseram que eu estou fazendo errado? Não tenho ninguém para me falar isso, eu julgo o certo e o errado, o bem e o mal.
Voltando ao que estava fazendo, faltavam poucos detalhes, arrumei uma tinta preta e pintei a vitrine por completo, ficou tudo escuro e por dentro somente uma cadeira no centro do salão, faltava por fim o comunicador mundial e o olho que tudo vê.
No caminho de volta, encontrei o alvo certo, uma loja de eletrônicos, essas tranqueiras da era digital. Era digital? Por quê? Antes era qual, era analógica? PUTA QUE PARIU, se modernidade é você ver a cada dois meses a mesma pessoa comprando o mesmo produto, porém em versões diferentes e alegando que está ultrapassado, então eu quero andar de charrete pelo Neblon. Porco capitalista! Cheguei em casa, a Renata tinha recém acordado e veio logo dizendo, repetitivamente:
- Faturamos R$ 500,00, olha olha.
- Não me importo, guarda isso aí e se arruma porque dessa vez você vai vim comigo
- Mas Mosca, você não precisa mais assaltar, olha quanto dinheiro, vem ver.
- Não quero saber, guarda e quero você pronta quando escurecer.
Eu já tinha faturado muito mais que aquilo outras vezes, realmente não me importava com a quantidade de grana arrecadada, eu tento descobrir a cada dia a hipocrisia maquiada de cada um, a vida leviana das aberrações que o mundo criou. A lua estava dando suas caras, a escuridão tomava conta de tudo parecendo algum viral, estava na hora. A Renata estava nervosa e apreensiva, lógico nunca tinha feito nada parecido, aquela futilidade não proporciona nada igual.
E então saímos da minha casa parecendo um casal de namorados, não tinha nenhum plano para assaltar a loja de eletrônicos quer dizer, nunca tive planos para nada
- Então Mosca, qual o plano? Perguntou Renata.
Estávamos andando rápido, parei de caminhar e questionei-a.
- Eu tenho cara de alguém que tem um plano?
Pessoas com plano possuem protocolos a serem seguidos criteriosamente, vivem em seus mundinhos patéticos e cheio de regras para a automanipulação, eu poderia ter dito isso a ela, mas eu a afetaria diretamente. Pessoas fúteis com seus mundos fechados planejados.
- O que faremos então Mosca?
- Eu não sei oras, há centenas de possibilidades, como você pode planejar algo desconhecido? Vamos fazer o que temos que fazer.
Até chegarmos na cena pude reparar que meu rosto estava anêmico e que ainda tinha uma trouxa de heroína no bolso, era o que eu mais queria naquela hora, essa loja não ficava muito longe, já era noite e estávamos há menos de cem metros onde havia um segurança meia boca na frente. Era um rapaz jovem, devia ter seus 20 e poucos anos, o primeiro emprego talvez, todo atento e concentrado com uma pistola na cintura, mal sabia o que iria acontecer.
Ficamos ali parados por um tempo, tempo suficiente para cheirar aquilo tudo, Renata não disse uma palavra e apenas estava com uma barra de ferro na mão. Estava fora de mim, minha aparência interna era totalmente outra, quando me dei por percebido ela estava indo em direção ao segurança que estava sentado em frente ao comércio.
- Renata, volte aqui agora, Renata volte.
Tentava chamar sua atenção, mas nada fazia ela olhar para trás, Renata atravessou a rua e vi de longe que o jovem segurança começou a agir em modo de risco, também àquela hora da noite uma mulher do tipo dela indo em sua direção segurando uma barra de ferro em uma das mãos, ele devia estar pensando que alguma coisa estava errada e realmente estava. Ele ia se dar mal, não tinha mais jeito.
- Ela vai conversar com ele, ela vai fazer, vai fazer. Vai dar merda. Disse para mim mesmo.
Então saí correndo, até chegar em uma distância que poderia acertar ele e assim fiz, dois tiros rapidamente nas pernas, gritou igual uma mulherzinha e caiu no chão. Nesta hora a Renata estava perto dele e ouvia os pedidos de súplica do coitado.
- Me ajuda por favor, alguém atirou em mim. Socorro.
Ela olhou para trás e me viu guardando arma na cintura, nós nos olhamos, estava séria e compenetrada, parecia saber o que estava fazendo. Então ela fez sim, balançando com a cabeça.
- O que ela vai fazer? Pensei.
- RENATA? NÃO! Gritei.

#10

ALGODÃO AMARGO


Para onde fui não precisou de estradas
O algodão doce olhado de longe tem formato de coelho
Estou dentro de uma e não tem cheiro, gosto de nada
Apenas um leve desconforto no estômago
Segure firme, preste atenção!
As formigas lá embaixo não sabem de nada
Construindo sem saber por quê
Vivendo adequadamente como manda um coletivo alienado
Faça isso, faça aquilo!
Ei você, estou descendo e aqui é chato
Não encontrei Messias algum descumprindo as escrituras
Encontrei apenas outros iguais a mim
Estou confuso agora.