domingo, 29 de abril de 2012

#43

EU ERA UM LOBISOMEM JUVENIL


Luz e sentido e palavra, palavra
É que o coração não pensa
Ontem faltou água
Anteontem faltou luz
Teve torcida gritando
Quando a luz voltou
Não falo como você fala
Mas vejo bem
O que você me diz
Se o mundo é mesmo
Parecido com o que vejo
Prefiro acreditar
No mundo do meu jeito
E você estava
Esperando voar
Mas como chegar
Até as nuvens
Com os pés no chão
O que sinto muitas vezes
Faz sentido e outras vezes
Não descubro um motivo
Que me explique porque é
Que não consigo ver sentido
No que sinto, que procuro
O que desejo e o que faz parte
Do meu mundo
O arco-íris tem sete cores
E fui juiz supremo
Vai, vem embora, volta
Todos têm, todos têm
Suas próprias razões
Qual foi a semente
Que você plantou?
Tudo acontece ao mesmo tempo
Nem eu mesmo sei direito
O que está acontecendo
E daí, de hoje em diante
Todo dia vai ser
O dia mais importante
Se você quiser alguém
Prá ser só seu
É só não se esquecer
Eu estarei aqui
Não digo nada
Espero o vendaval passar
Por enquanto eu não sei
O que você me falou
Me fez rir e pensar
Porque estou tão preocupado
Por estar
Tão preocupado assim
Mesmo se eu cantasse
Todas as canções
Todas as canções
Todas as canções
Todas as canções do mundo
Sou bicho do mato
Mas se você quiser alguém
Prá ser só seu
É só não se esquecer
Eu estarei aqui
Ou então não terás jamais
A chave do meu coração



INFRASONHO


Alguma coisa entra em contato com a metade do meu corpo

Estou com frio e com a espinha arrepiada

O outro lado amortecido pela mesmice de sempre

De imediato parece não se misturar,

Corpos distintos com os elos da corrente em comum

Notas soam em meus ouvidos

Algo vem chegando,

Devagar

Um lado de mim se encontra com outro alguém

Os olhos dessa carcaça já começam a pesar

Ao mesmo tempo tudo se mistura

Feito um sentimento promovido pelo primeiro beijo realizado no universo

O escuro tomou conta

Imagens, objetos

Tudo rodando, vou vomitar

Aonde estou?

Marcos P. S. Fachin

terça-feira, 24 de abril de 2012

#42


QUANDO O SOL BATER NA JANELA DO SEU QUARTO

Quando o sol bater
Na janela do teu quarto,
Lembra e vê
Que o caminho é um só,
Porque esperar
Se podemos começar
Tudo de novo?
Agora mesmo,
A humanidade é desumana
Mas ainda temos chance,
O sol nasce pra todos,
Só não sabe quem não quer,
Quando o sol bater
Na janela do teu quarto,
Lembra e vê
Que o caminho é um só,
Até bem pouco tempo atrás,
Poderíamos mudar o mundo,
Quem roubou nossa coragem?
Tudo é dor,
E toda dor vem do desejo,
De não sentimos dor,
Quando o sol bater
Na janela do teu quarto,
Lembra e vê
Que o caminho é um só.








DIÁRIO ESQUECIDO


Não lembro quantos anos eu tinha, não lembro o ano, não lembro a escola. Há algo do ensino infantil que tenho que agradecer fortemente, que por sinal achava aquela atitude o cúmulo da autoridade de educadora.

Lembro-me até hoje o nome daquela senhora na frente dos alunos, ensinando sei lá o que, que talvez hoje não faça mais diferença, talvez até faça. Naquele momento mais esperado, a hora do recreio, e não me deixava sair.

Sim, acredite se quiser, ela algumas vezes não me deixava sair, porque eu tinha que praticar a escrever com a mão direita. Confesso que fui mau aluno, ainda bem. E quase tantos anos depois, neste ano certamente, fez muita diferença na minha vida e na vida da minha família.

E até mesmo quando eu jogava handbol a treinadora orientava para exercitar mais a mão direita, desculpe professora. Alguma coisa no futuro me dizia que isso poderia trazer algo de ruim e esse futuro estava certo.


O que mudou já está feito

Agora o que se faz?

Se já não se olha como antes

Vamos sangrar mais nessa estrada

Não tenha medo

O que faz parte da vida tem que abraçar

Olhe ao seu lado

Você não está sozinho

Só tem medo de enxergar

O que está escrito há muito tempo


Marcos P. S Fachin